Um dia destes comentava com o Jorge a forma como estamos a viver esta gravidez.
Sinto que não lhe estou a dar a atenção que devia. Também não dá para comparar com a da Inês em que a atenção era toda para a barriga. Agora ela está cá fora e é necessário andar sempre em cima dela, ainda por cima começa a fase dos porquês e do querer fazer tudo sozinha.
Não queria que assim fosse até porque foi uma gravidez muito desejada e planeada.
Por vezes dou por mim a acariciá-la mas o simples facto de ele ainda não ter nome dá-me cabo da cabeça. Eu que fui / sou sempre tão linear, tão direita, saber que tenho ali o meu filho e cuja identidade ainda anda a esvoaçar.
Sei que também passei e ainda continuo a passar por uma fase menos boa. O trabalho está a correr bem, mas sem grandes melhorias.
E agora, por motivos pessoais, tenho que desdobrar-me em duas quando deveria ser apenas metade. O maridão ajuda-me imenso e ele sabe do que estou a falar. Por vezes surgem coisas das quais não estávamos à espera, que se prolongam por tempo infinito e que afinal até se tornam desagradáveis, indo contra o nosso pensamento inicial. Mas a vida é mesmo assim e é com estas pequenas coisas que fortalecemos a nossa relação e que saímos ainda mais unidos, mais marido e mulher e acima de tudo amigos.
E com este turbilhão todo quem sofre é o pequenino. Porque ele está lá e temos que ir preparando a chegada dele, ter uma música nossa, falarmos mais.